Em pacientes com doenças autoimunes, o seu sistema imunitário confunde proteínas normais com agentes agressores, destruindo a função de tecidos e orgãos.
As razões pelas quais tal acontece têm sido estudadas por investigadores, revelando a complexidade das condições autoimunes, e a identificação de causas subjacentes como fatores genéticos e ambientais.
Os distúrbios auto-imunes constituem uma grande categoria de patologias na qual residem muitas condições comuns como artrite reumatóide, lúpus, doença de Crohn, colite ulcerosa, esclerose múltipla, diabetes tipo I, psoríase, tiróidite de Hashimoto, entre outras. Na doença autoimune, as células do sistema imunitário produzem anticorpos contra os tecidos do próprio organismo. Os anticorpos sinalizam outras células imunitárias para destruir proteínas ou lípidos no tessido, como se o organismo visse esses componentes como agentes agressores. O tecido afectado determina qual a doença diagnosticada.
Muitos fatores foram descritos como causas prováveis de doenças auto-imunes ou do aumento do seu risco. O risco de desenvolver auto-imunidade é particularemente elevado quando três fatores de risco estão presentes: 1) sensibilidade genética 2) aumento da permeabiliade intestinal (também chamado de “leaky gut”) e 3) um gatilho externo; por exemplo um fator ambiental. Esta tríade de fatores – ou um deles isolado – causa a maioria das doenças auto-imunes. Consequentemente, a comorbilidade é também elevada; se sofre de uma doença auto-imune, o seu risco de desenvolver uma segunda ou terceira doença auto-imune é maior. Contudo, estudos revelam que a importância do padrão genético é limitado. As variações genéticas de cada indivíduo podem aumentar a vulnerabilidade para determinadas doenças, apesar de fatores relacionados com a dieta, estilo de vida ou ambiente determinem a expressão genética, nomeadamente se os genes são ou não expressos. Por vezes, a variação genética capaz de comprometer alguma função biológica, apenas é um problema na presença do gatilho. A importância dos genes tem sido subestimada a favor da saúde intestinal e de gatilhos externos no que diz respeito ao desenvolvimento de doenças autoimunes.
A permeabilidade intestinal é um fenómeno que tem sido encontrado em todas as condições auto-imunes cientificamente estudadas. Permeabilidade intestinal significa que a mucosa intestinal torna-se frágil e permeável, com inúmeras consequências. As toxinas provenientes das bactérias intestinais (endotoxemia) e particulas maiores provenientes da dieta passam através da barreira intestinal, barreira essa que normalmente deverá deixar passar apenas nutrientes já digeridos. Tal, conduz à ativação do sistema imunitário localizado no interior da parede intestinal. As células imunitárias comunicam entre si para ativar uma resposta e começam a libertar grandes quantidades de moléculas pro-inflamatórias. Microorganismos podem também passar a barreira intestinal, o que tem sido estudado em condições clínicas como lúpus, diabetes tipo I e encefalomielite miálgica (muitas vezes chamada de síndrome da fadiga crónica). O fenómeno tem o nome de translocação microbiana e pode causar inflamação e auto-imunidade em tecidos localizados fora do intestino. Na translocação microbiana, o sistema imunitário do organismo reage de forma semelhante à de uma infeção. Quando existem lesões na mucosa intestinal, há uma menor absorção de nutrientes o que por si só pode reduzir a capacidade do organismo se recuperar e de o sistema imunitário funcionar de uma forma óptima.
Existem várias causas que podem potenciar a permeabilidade intestinal como a composição da microbiota intestinal, a presença de SIBO, deficiências nutricionais e compostos alimentares como o glúten, a caseína (proteína do leite) e outros péptidos (proteínas pequenas) que podem ser difíceis de digerir. Fatores associados ao estilo de vida como o stress, falta de sono, alguns fármacos e sedentarismo, também podem contribuir para a permeabilidade intestinal.
Muitas vezes, existem gatilhos externos que em conjunto com a permeabilidade aumentam o risco de auto-imunidade. Um exemplo desses gatilhos são as infeções. O víruso Epstein-Barr é um vírus particularmente associado com a auto-imunidade. Contudo, várias outras infeções – quer virais ou bacterianas – têm sido mostradas como causas para uma reação auto-imune. De fato, as infeções podem ser o gatilho mais amplamente conhecido dentro da comunidade médica e científica. Metais pesados como o mercúrio, o cádmio e o alumínio contituem outra categoria que pode ter um papel semelhante na auto-imunidade, especialmente quando se trata de distúrbios neurológicos.
A formação de autoanticorpos pode por vezes ser secundária a uma lesão celular ou tecidual causada, por exemplo, por uma cirurgia. Proteínas do ambiente interno da lesão são expostas e o sistema imunitário produz autoanticorpos contra essas proteínas, para que não circulem livremente no organismo.
Estudos científicos revelam que a deficiência em vitamina D é um fator importante no desenvolvimento de vários tipo de doenças, incluidno doenças auto-imunes.
Cada paciente com doença auto-imune tem uma combinação única de fatores que conduziram à doença. Na Nordic Clinic revemos detalhadamente a história de cada paciente e recomendamos testes laboratoriais e interveções baseadas no seu quadro clínico, estilo de vida e fatores ambientais.
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