A fadiga prolongada é uma das queixas mais comuns entre os nossos pacientes. Na medicna convencional, quando um paciente apresenta queixas de fadiga, o médico normalmente começa por pedir algumas análises gerais para excluir patologias da tiróide e deficiência de ferro. Podem também perguntar sobre o padrão do sono mas muitas vezes essas pesquisas são interrompidas. Muitos pacientes relatam que o seu médico ou psicólogo procura exclusivamente aspectos do ambiente psicossocial para explicar a fadiga. Um diagnóstico comum é considerarem uma alteração relacionada ao stress e os pacientes são muitas vezes tratados com fármacos antidepressivos. A fadiga crónica é vista por muitos como um sintoma primário de stress ou depressão mas o facto é que poucos sintomas podem ser causados por uma variedade tão grande de factores, como a fadiga crónica.
Na Nordic Clinic trabalhamos como detectives para identificar as causas por trás dos sintomas de cada paciente. Pedimos que descrevam em detalhe os seus sintomas e a sua fadiga; quando surgiram os sintomas, se a evolução foi repetina ou lenta, como são os sintomas, o que os agrava ou melhora, que outros sintomas o paciente apresenta e como intereagem entre si. Estamos a tentar perceber a fadiga – poderá ser encefalomielite miálgica (ME)? Será uma disfunção da tiróide? Será um burnout? Confusão mental? Alterações do padrão do sono? Diabetes não diagnosticada ou narcolepsia? Olhamos para toda a história do paciente, desde o nascimento até à atualidade. Olhamos para as conclusões feitas pelos seus médicos anteriores e recomendamos testes laboratoriais para confirmar ou excluir as nossas próprias hipóteses.
Dieta, estilo de vida e stress têm um papel muito importante no nosso trabalho, embora também sejam avaliados muitos outros fatores que diferem de caso para caso. Por exemplo, se houver suspeita de infeção, podemos optar por investigar infeção por carrapatos, infeções da cavidade oral ou infeções víricas crónicas. Caso suspeitemos de desequilíbrios no sistema imunitário do paciente, recomendamos testes laboratoriais específicos. Além disso, também avaliamos diferente aspectos relacionados com a função intestinal e a composição da microbiota, que tem sido relacionada com a fadiga crónica. Isto também se aplicação à mold exposure, eficiências nutricionais, apneia do sono, doença celíaca e traumas físicos ou mentais. Podemos também optar por seguir com estudos do padrão do sono ou pesquisas detalhadas sobre sexo, stress e hormonas do sono. Se suspeitarmos que os processos de desintoxicação e de obtenção de energia não estão a funcionar de forma ótima, usamos testes específicos para avaliar. Se existirem indicações de exposição a metais pesados, investigamos. O paciente pode ter sido diagnosticado com hipotiroidismo e a terapêutica convencional, per si, não ser suficiente. Nesses casos podemos realizar um exame avançado de avaliação da função tiróideia e, possivelmente, procurar outras alternativas terapêuticas. Se suspeitarmos de condição severa não diagnosticada, encaminhamos o paciente de novo aos cuidados de saúde primários.
Em suma, a fadiga crónica é bastante adequada para ser estudada pela medicina funcional. Na maioria das vezes, os pacientes já foram vistos por profissionais de medicina convencional mas não sentir melhoria dos sintomas. De acordo com a nossa experiência clínica, o tempo necessário para a melhoria dos sintomas varia de acordo com a complexidade de cada caso, assim como de há quanto tempo os sintomas existem.
Portugal é o sétimo país da Europa com mais stress no trabalho, num estudo realizado em 31 países europeus, com uma taxa de incidência de 59% (Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho). Em 2019, a Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciou que iria incluir o burnout na respetiva lista de classificação de doenças.
Podemos ajudar nas seguintes condições:
A prevalência de distúrbios associados ao stress e ao burnout tem vindo a aumentar dramaticamente, atingindo pessoas de várias profissões, de todas as idades e em diferentes estágios da vida. O stress relacionado com o trabalho é um maiores factores de risco para o burnout mas como profissionais de saúde consideramos todos os aspectos da vida dos nossos pacientes. Os cuidadores de familiares doentes ou de crianças com necessidades especiais estão em particular risco de burnout. Isto também se aplica a pessoas expostas a traumas na infância.
O stress afeta o nosso organismo de diversas formas, tanto a curto como a longo prazo. Aumenta o risco de várias doenças da era moderna como inflamação, doenças autoimunes, diabetes, doenças cardiovasculares e muitas mais.
A resiliência ao stress é afectada por factores como o suporte social, o padrão do sono e o estado nutricional. O zinco, as vitaminas do complexo B e o magnésio são nutrientes especialmente importantes para a nossa capacidade de lidar com o stress. A deficiência em magnésio deixa-nos mais sensíveis ao stress. Por outro lado, o stress por sua vez é capaz de diminuir os níveis de magnésio, o que pode criar um ciclo vicioso.
Alterações do padrão do sono fazem muitas vezes parte do quadro. Muitos pacientes referem que “hit the wall” depois de o padrão do sono se alterar.
Na Nordic Clinic, ajudámos os pacientes a construir resiliência perante o stress através de técnicas de gestão do stress, optimização da microbiota e correcção de défices nutricionais assim como outros aspectos relacionados com o estilo de vida como o ciclo circadiano e rotinas de sono.
Contudo, o “burnout” é às vezes confundido com outras condições – alguns pacientes são diagnosticados com transtorno de stress contra as suas próprias crenças, sendo o stress não considerado uma causa subjacente. Nesses casos, poderá ser importante avaliar mais a fundo. Sintomas relacionados com infeções crónicas muitas vezes sobrepõem-se a sintomas relacionados com distúrbios associados ao stress. Infeções podem causar fadiga severa, ansiedade, sensibilidade ao stress, deterioração induzida pelo esforço, alterações do padrão do sono, dor e depressão. A doença de Lyme e outras infecções por parasitas são exemplos de condições que nem sempre causam os sintomas clássicos de erupções cutâneas e dores articulares. Quando esta análise não é feita, a probabilidade do paciente receber um diagnóstico errado é grande. Por vezes a medicina convencional testa para a borrelia burgdorferi mas não testa outras infeções crónicas que podem causar um conjunto de sintomas que não se distinguem dos causados por borrelia. O grupo de pacientes com diagnóstico incorreto geralmente experimenta uma melhoria, apesar da baixa médica e do descanso prolongados. Estratégias de gestão do stress geralmente têm pouco ou nenhum efeito. Na Nordic Clinic seguimos a evidência científica mais recente no que diz respeito a avaliação de infeções com interesse e, além dos testes convencionais, usamos também testes laboratoriais internacionais como ferramenta complementar.
Hoje em dia dormimos menos e estamos a sofrer as consequências disso. Pesquisas indicam uma imagem clara – a privação de sono aumenta o risco para todas as patologias; doenças mentais, doenças autoimunes, desequilíbrios neuropsiquiátricos, doenças metabólicas, susceptibilidade a infeções e cancro. Dentro destes grupos, encontram-se:
A privação do sono raramente é o único ou principal gatilho para estas condições clínicas mas a insónia aumenta o risco de todos os tipos de condições de uma forma muito fundamental. Muitos processos biológicos importantes ocorrem apenas durante o sono, como a reparação de tecidos e a “limpeza” do cérebro. Durante o sono, o sangue oxigenado e o líquido encefalorraquidiano wash over the brain, enquanto produtos indesejados são eliminados. Um bom sono é portanto fundamental para uma boa saúde. É por isso que perguntamos sempre aos nossos pacientes sobre o seu sono.
Na medicina convencional, os auxiliares do sono são muitas vezes prescritos para tratar a privação do sono, o que pode ajudar o paciente a sair de um ciclo vicioso. Mas fármacos indutores do sono não tratam a causa. Para alguns pacientes, este é o início de uma dependência que pode trazer complicações para a saúde a longo prazo. Estudos mostraram que os pacientes que tomam fármacos indutores do sono têm uma probabilidade 5 vezes superior a de morrer permaturamente (embora não seja claro se o uso dos fármacos, por si só, aumentam o risco ou se os fármacos simplesmente não restauram o sono de forma efetiva).
As causas comuns de insónia são o stress e a ansiedade. A falta de uma boa higiene do sono também é um fator contribuinte importante. A higiene do sono tem como objetivo recriar as condições de dormir às quais nós, como seres humanos, ao longo de nossa evolução nos adaptamos. Envolve temperatura, escuridão, evitar a luz azul e muito mais. Fatores de estilo de vida também incluem atividade física, interação social, ingestão de café e o que se come e quando. Como todos os outros processos no corpo, o processo do sono precisa de nutrientes específicos em certas quantidades para funcionar de forma adeuada. Demonstrou-se que determinadas vitaminas, minerais e aminoácidos são importantes para a capacidade de produzir e regular a hormona do sono (melatonina) e neurotransmissores no cérebro (por exemplo, a substância calmante GABA).
No entanto, alguns de nossos pacientes sofrem de um distúrbio do sono mais complexo que não é facilmente resolvido com rotinas. Problemas de sono podem ser sintomas de, por exemplo, ansiedade ou síndrome de fadiga crónica. Apesar de sofrerem de fadiga severa e de aplicarem boas práticas de higiene do sono, estes pacientes não conseguem dormir bem. Nesses casos, é necessário identificar as causas principais de todo o quadro de sintomas do paciente. Neurotransmissores e hormonas desregulados podem estar envolvidas. Muitos também sofrem de sono não recueprador, apesar de horas de sono adequadas de 7-9 horas por noite.
Em suma, os distúrbios do sono podem manifestar-se de diferentes formas e ter diversas causas. Quando os nossos pacientes enfrentam problemas para adormecer ou dormir, ou sofrem de um sono não recuperador, adotamos uma abordagem holística. Ouvimos atentamente o paciente e desenvolvemos um plano de ação individual. O plano de ação pode incluir, por exemplo, um estudo do sono, análises da hormonas de sono (melatonina), da hormona de stress (cortisol), terapia nutricional com nutrientes ou adaptógenos e mudanças no estilo de vida.
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