As diversas causas da fadiga

A fadiga é um sintoma clínico observado em muitos pacientes da Nordic Clinic, acompanhando
a maioria das condições médicas. Estas condições variam entre agudas e crónicas, simples e
complexas, infecciosas e comportamentais. De facto, o tratamento da fadiga crónica requer a
avaliação do paciente a partir de todos os ângulos possíveis para encontrar a causa da fadiga.
A fadiga crónica também pode ser o resultado de múltiplos problemas. Embora a doença
infecciosa tenha, normalmente, um único agente patogénico em jogo, estes agentes
patogénicos podem alterar o nosso estado nutricional e afetar o nosso comportamento por
forma a promover a fadiga. Assim, além de se eliminar o agente patogénico, pode também ser
necessário atuar nas consequências causada pelo agente patogénico.

A infeção como causa de fadiga
A maioria das infeções, tanto virais como bacterianas causam fadiga, ainda que para a maioria
das pessoas, este seja problema agudo que se resolve com a eliminação do agente patogénico.
Este será o procedimento normal do funcionamento do nosso sistema imunitário.
Contudo, para algumas pessoas, o problema agudo torna-se crónico. Estes efeitos crónicos são
frequentemente atribuídos a um período prolongado da infeção. No entanto, pode verificar-se
a presença de outras situações. Um artigo concluiu que as pessoas com síndrome pós-viral
apresentam neuro inflamação 1 . A infeção inicial pode também causar alterações que
necessitam ser corrigidas, tal como deficiências nutricionais ou alterações comportamentais.

Distúrbios gastrointestinais crónicos como causa de fadiga
As doenças gastrointestinais crónicas também apresentam a fadiga como um sintoma comum 2 ,
nomeadamente, na doença celíaca, SII, DII e na dispepsia funcional. Curiosamente, as
doenças gastrointestinais funcionais também se desenvolvem após uma doença infeciosa,
como na SII pós-infeciosa (quando se desenvolve SII após uma intoxicação alimentar).

Na maioria dos distúrbios gastrointestinais, os pacientes sofrem de deficiência nutricional
devido a má digestão e absorção. Além disso, os sintomas dos distúrbios gastrointestinais
alteram o comportamento e perturbam aspetos importantes como o sono e o stress, o que
também conduz à fadiga.

Comportamentos indutores de Fadiga
São inúmeros os comportamentos que levam ao cansaço, o burnout é um caso clássico das
consequências de comportamentos desadequados. Ao longo do tempo, uma má gestão do
stress, sono inadequado e exigências físicas excessivas são alguns fatores do estilo de vida que
podem levar a um esgotamento.

A má nutrição também pode causar fadiga, a deficiência em ferro, mesmo sem anemia, resulta
em fadiga passível de correção com o aumento da ingestão de ferro. 3 A deficiência em vários
outros nutrientes também causa fadiga. É importante salientar que a má ingestão ou absorção
não são as únicas causas, muitas vezes, a própria infeção leva a um aumento das necessidades
nutricionais para acelerar a recuperação.

Por último, a perturbação dos nossos ritmos circadianos também conduz à fadiga. Os ritmos
circadianos controlam a nossa fisiologia, tornando-nos alerta durante o dia e prontos a
adormecer à noite. Quando perturbados, como no jet lag ou no trabalho por turnos, isto leva a
alterações nas hormonas e neurotransmissores (mensageiros químicos no cérebro) que
causam fadiga. Muitos fatores comportamentais, tais como os níveis de atividade e o timing, o
horário das refeições e a exposição à luz regulam os nossos ritmos circadianos.

O stress nem sempre é o problema
Sim, a maioria de nós está excessivamente stressado, e sim, o stress excessivo leva à fadiga. No
entanto, tem-se verificado em muitos pacientes que os médicos desvalorizam outros sintomas
em detrimento do stress como sendo este a única causa. Muitos destes pacientes não
melhoram porque estão apenas concentrados no tratamento do stress. Embora o stress seja
um fator que contribui para a fadiga, se houver infeção não tratada (ou outra condição
médica), destruição pós infeciosa, deficiência nutricional, desequilíbrios intestinais, fatores de
estilo de vida como o sono deficiente, ou uma combinação de dois ou mais desses fatores,
todos eles precisam de ser tratados.

A resolução da fadiga requer frequentemente uma perspetiva multifatorial
Abordar a fadiga crónica não é tão simples como dar um comprimido a alguém e dizer-lhe para
voltar dentro de um mês – gostaríamos que assim fosse. Muitas vezes, a fadiga é multifatorial e
requer um historial profundo do paciente e testes integrativos para identificar os fatores
causais. É preciso pensar realmente no que aconteceu ao seu corpo física, emocional e
mentalmente, bem como descartar fatores médicos. Isto permitir-lhe-á abordar com sucesso, com a ajuda do médico, nutricionista ou profissional de saúde adequado, as causas infeciosas,
nutricionais e comportamentais da fadiga.

Referências:

1. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4392663/

2. https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1111/j.1365-2036.2008.03770.x

3. https://www.cambridge.org/core/journals/british-journal-of-nutrition/article/iron-deficiency-without-anaemia-is-a-potential-cause-of-fatigue-metaanalyses-of-randomised-controlled-trials-and-crosssectional-studies/F7E59D4BFC154E9687E42CDCC4968EAF

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