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Os alimentos que NÃO devem fazer parte da introdução da alimentação complementar do bebé

Os primeiros 1000 dias, que correspondem ao período a partir do momento da concepção até aos 2 anos de vida de criança, são considerados como uma janela de oportunidade inigualável no desenvolvimento e crescimento. Nesse sentido, os nutrientes certos nos momentos certos desta janela de desenvolvimento poderão fazer a diferença no estado de saúde na idade adulta.

Com a nutrição correta desde o início da vida poderá ser possível modular o risco de desenvolvimento de doenças na vida adulta, como doenças cardiovasculares, diabetes e cancro.

Nesta série de posts sobre a introdução da alimentação complementar já falamos sobre a importância do aleitamento materno (http://porto.nordicclinic.com/do-leite-para-a-alimentacao-complementar/), de quando iniciar e ainda de como iniciar este processo tão importante na vida do bebé (http://porto.nordicclinic.com/quando-e-como-iniciar-a-introducao-da-alimentacao-complementar/).
Agora, está na altura de falar sobre os alimentos que não devem fazer parte da introdução da alimentação complementar, quer seja por motivos relacionados com a segurança alimentar ou pela sua pobreza nutricional. 

Sal
Os 2 primeiros anos na vida de um ser humano são caracterizados pelo crescimento e desenvolvimento que vai acontecendo ao seu ritmo.
Até cerca dos 12 meses de idade, a função renal não tem a maturidade e por essa razão não devem ser oferecidos alimentos temperados com sal (e muito menos alimentos processados ricos em sal).
Além disso, a introdução do sal mais cedo do que o recomendado pode também ter impacto nas preferências alimentares do bebé na vida adulta. 

Açúcar
O gosto por sabores doces é inato, querendo isso dizer que não exige esforço para que o bebé goste de alimentos doces ao contrário do que pode acontecer por exemplo com alimentos de sabor mais amargo. 
A ingestão de açúcar é dos principais fatores que contribuem para a formação de cáries dentárias e por isso esta questão exige especial atenção por parte dos pais e/ou cuidadores do bebé.
Caso alimentos açucarados sejam introduzidos demasiado cedo, podem ter efeitos aditivos a sabores doces. 
Diferentes estudos associam a ingestão de bebidas açucaradas antes do primeiro ano de vida à obesidade.
A recomendação é de que os alimentos com açúcar adicionado não devem ser introduzidos na alimentação do bebé até 1 ano de idade MAS não quer isso dizer que a partir dessa altura a ingestão pode ser feita de forma livre. Muito pelo contrário, a oferta destes alimentos deve ser muito limitada. 

O mesmo se aplica aos adoçantes, sobre os quais não há evidência científica sobre o impacto da sua ingestão antes dos 2 anos. 
É sabido que os adoçantes também podem promover a preferência pelos sabores doces e além disso podem alterar a microbiota intestinal de forma negativa. 

Mel
O botulismo é uma condição rara e é causada por uma bactéria (Clostridium botulinum). 
O mel é um dos alimentos mais associados à contaminação por esta bactéria e por essa razão é recomendado que não faça parte da alimentação das crianças até aos 2 anos de idade. 
Além disso, também é um dos alimentos que contribui para as cáries dentárias.

Carne ou peixe mal cozinhado 
Uma vez que o sistema imunitário ainda não está completamente desenvolvido, é desaconselhada a ingestão de carnes ou peixes crus pelo bebé pelo risco de contaminação associada. 

Alimentos associados ao risco de engasgo 
Não se devem oferecer alimentos redondos, como uvas, mirtilos, tomates cereja, leguminosas, e/ou duros, como maçãs, cenouras ou oleaginosas (nozes, amêndoas, avelãs e etc.), na sua forma inteira. Devem ser sempre oferecidos ao bebé em formatos adequados  para a fase do desenvolvimento em que se encontra. 

No caso dos bebés com risco de alergia, este processo deve ser supervisionado pelo pediatra ou o médico assistente.

Neste artigo esclarecemos mais algumas das questões comuns que surgem na fase da introdução da alimentação complementar, sempre com a ressalva de que esta informação não substitui de forma alguma o aconselhamento individualizado por um profissional de saúde.

Contacte-nos para saber como a Dra. Çagla Sen, responsável pela criação do nosso Nordic Maternity Program, pode dar o apoio que precisa nesta nova fase ou da vida da sua família, através de:
E-mail info@nordicclinic.pt
Telefone: 222 081 982.

Referências:

  • Schwartz C, Chabanet C, Laval C, Issanchou S, Nicklaus S. Breastfeeding duration: influence on taste acceptance over the first year. Br J Nutr. 2013;109:1154—61.
  • Pan L, Li R, Park S. A longitudinal analysis of sugar-sweetened beverage intake in infancy and obesity at 6 years. Pediatrics. 2014;134:S29—35.
  • Li WL, Chen ML, Liu SS. Sweet preference modified by early experience in mice and the related molecular modulations on the peripheral athway. J Mol Neurosci. 2013;51:225—36.
  • Bowen WH, Pearson SK, Rosalen PL, et al. Assessing the cariogenic potential of some infant formulas, milk and sugar solutions. J Am Dent Assoc 1997;128:865–71.
  • Cameron SL, Heath A-LM, Taylor RW. How feasible is baby-led weaning as an approach to infant feeding? A review of the evidence. Nutrients 2012;4:1575–609.

Quando e como iniciar a introdução da alimentação complementar?

O momento da introdução da alimentação complementar pode ser desafiante e podem surgir muitas questões.

É de extrema importância garantir o aporte energético e de nutrientes nesta fase em que o leite materno ou a fórmula infantil não conseguem suprir as necessidades. 

Esta também é uma altura excelente para treinar a aceitação dos diferentes sabores e texturas e implementar hábitos saudáveis que vão ficar para toda a vida.

Quando iniciar?
Nesta fase, é essencial respeitar o desenvolvimento neuromotor e que pode variar de bebé para bebé.

É aproximadamente no início dos 5 meses de vida que as funções gastrointestinais e renais estão amadurecidas de forma a permitir o processo de introdução de alimentos sólidos e líquidos, além do leite materno ou fórmula infantil. ⠀
E é aproximadamente no início dos 7 meses de vida que adquirem competências motoras necessárias que possibilitam a introdução de alimentos de forma segura.⠀

Saiba mais sobre os sinais de prontidão do bebé neste post.

Que alimentos não devem ser oferecidos na introdução da alimentação complementar?
O açúcar, o mel, as bebidas açucaradas ou sumos de fruta, o sal, alguns chás/infusões e alimentos processados como bolachas. 

Que alimentos podem ser oferecidos na introdução da alimentação complementar?
Todos os alimentos, exceto os acima indicados, podem ser introduzidos na dieta do bebé de forma gradual.

Com que alimentos iniciar?
Pode se iniciar com o grupo de frutas e hortícolas pela sua riqueza nutricional e pelos seus benefícios na saúde.
De seguida pode ser feita a introdução do grupo dos cereais.
Importa referir que não há uma ordem especifica nos alimentos a introduzir destes grupos.
Devem-se variar nas cores e texturas oferecidas.

Quando introduzir o leite de vaca?
O leite de vaca não deve ser introduzida na dieta do bebé até aos 12 meses de idade.

Quando introduzir a proteína animal?
A partir dos 6 meses podem ser introduzidas fontes de proteína animal não láctea. 
De uma forma geral inicia-se a introdução com carne brancas e posteriormente os peixes e carnes vermelhas.
É de referir a importância de variar os alimentos de forma oferecer 4 vezes por semana carne e 3 vezes por semana peixe. 

Numa primeira fase deve-se complementar com o leite materno ou fórmula infantil, reduzindo depois de forma gradual destes em relação aos alimentos ingeridos pelo bebé.

E se a dieta for vegetariana?
Nesse caso, pode-se antecipar a introdução das leguminosas (ervilhas, feijão, grão de bico, favas, lentilhas, soja) para os 7 meses. 

Importa referir que neste tipo de dieta é essencial o acompanhamento por um profissional de saúde de forma a garantir o aporte nutricional dos nutrientes para o adequado crescimento e desenvolvimento do bebé e que podem estar em carência neste tipo de dieta, nomeadamente a vitamina B12, a vitamina D, o ferro, o zinco, o cálcio e o iodo.
Poderá ser necessária a suplementação destes nutrientes e daí a importância da vigilância pelo profissional de saúde nestes casos.

Quando introduzir o ovo?
A partir dos 8-9 meses.
Deve-se ter em conta o risco de alergias associado e por isso a introdução deve ser feita de forma gradual, iniciando com a gema. 

Quando introduzir oleaginosas e sementes?
Oleaginosas como nozes, avelãs, cajus, amêndoas e sementes como girassol, abóbora, linhaça e entre outros poderão ser oferecidos a partir dos 9 meses. 
Numa fase inicial, estes alimentos devem ser sempre oferecidos triturados. 

Quando introduzir a água?
A partir do momento que iniciar a introdução dos alimentos, em pequenas quantidades ao longo do dia. 

A quantidade de alimentos oferecida deve aumentar gradualmente, assim como a textura dos alimentos. 

A partir do primeiro ano de vida e após a introdução gradual de todos os alimentos, a dieta do bebé deve ser a mesma da família, baseando-se sempre em hábitos saudáveis e numa alimentação variada e equilibrada. 

Receita para a primeira sopa do seu bebé:
Ingredientes:

  • Batata
  • Abóbora
  • Cebola e/ou alho
  • Brócolos
  • Azeite

Preparação:

  • Descascar a batata e as hortícolas e cozer. Depois triturar.
  • No momento de servir acrescentar o azeite. 

Notas:

  • Não deve ser adicionado sal;
  • Pode ser conservado no frigorífico até 48 horas após confecção.

Neste artigo esclarecemos algumas das questões que mais surgem na fase da introdução da alimentação complementar, sempre com a ressalva de que esta informação não substitui de forma alguma o aconselhamento individualizado por um profissional de saúde.

Contacte-nos para saber como a Dra. Çagla Sen, responsável pela criação do nosso Nordic Maternity Program, pode dar o apoio que precisa nesta nova fase ou da vida da sua família, através de:
E-mail info@nordicclinic.pt
Telefone: 222 081 982.

Referências:
DGS, 2019

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