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Magnésio: o seu papel na saúde e em que medida pode ajudar em casos de endometriose?

O magnésio é um mineral conhecido essencialmente pela sua ação importante no relaxamento muscular e na otimização da função cerebral.

Contudo, seria bastante redutor limitar o magnésio a estas duas funções. Até ao momento, de acordo com a evidência científica, sabe-se que o magnésio é cofactor de mais de 300 enzimas que regulam diferentes reações bioquímicas, tornando-se, portanto, essencial para o bom funcionamento do organismo em geral.


Das inúmeras funções do magnésio no organismo, destacamos algumas:
– Ajuda na regulação dos níveis de açúcar no sangue e de insulina
– Participa na síntese proteica
– Tem um efeito calmante
– Regula os níveis de cálcio, importante para a manutenção da saúde óssea- Participa no processo de obtenção de energia, em particular na síntese de ATP
– Tem um efeito positivo em casos de hipertensão
– Ajuda na contração muscular e cardíaca, sendo importante para a saúde cardiovascular
– É cofator na conversão de vitamina D para a sua forma mais ativa- Participa na síntese de melatonina, contribuindo a melhoria do padrão de sono
– Participa na produção de neurotransmissores como a serotonina
Nos casos de endometriose, o magnésio parece ter um papel igualmente importante.


A endometriose é uma doença inflamatória, dependente de estrogénio, que se caracteriza pela presença de tecido endometrial fora do útero e que afeta cerca de 10-15% das mulheres em idade fértil.


Um dos sintomas mais comuns da doença é a dor pélvica, o que faz com que muitas mulheres que sofrem de endometriose vejam a sua qualidade de vida ser diminuída devido à dor que sentem, não só durante a menstruação como também ao longo de todo o ciclo. Assim, um dos principais objetivos do tratamento da doença é o controlo da dor.

Devido à sua ação relaxante muscular, o magnésio parece ter um impacto positivo no controlo da dor e das cólicas menstruais.

Além disso, a ingestão de níveis mais elevados de magnésio parece estar associada a níveis mais baixos de marcadores inflamatórios como a interleucina-6, tendo um efeito benéfico na modulação da inflamação característica da endometriose.

Por ser um nutriente importante no processo de eliminação de toxinas e de estrogénios, pode também ajudar a regular os níveis de estrogénio no organismo.

A dose diária recomendada de magnésio é:
– Crianças (até aos 13 anos): 75mg-240mg
– Adolescentes (dos 14 aos 18 anos)
– Homens: 410mg
– Mulheres: 360mg
Adultos (a partir dos 19 anos)
– Homens: 400mg a 420mg
– Mulheres: 310mg a 320mg

No entanto, tal como outros minerais e vitaminas, o magnésio é um nutriente “consumível” pelo que as suas necessidades variam ao longo da vida, devido a fatores como a idade, género, condições clínicas específicas (ex: diabetes mellitus tipo 2), toma de determinados medicamentos (ex: certos protetores gástricos) ou em casos em que as necessidades estão aumentadas (ex: gravidez ou amamentação).

Assim,  em alguns casos, pode ser necessário garantir o aporte adequado de magnésio através da suplementação.

Existem diferentes tipos de suplementos de magnésio disponíveis no mercado: óxido de magnésio, citrato de magnésio, magnésio bisglicinato, entre outras. Por isso, na hora de escolher o suplemento é necessário avaliar não só a dose como o tipo de magnésio e o objetivo da toma.
Alguns estudos mostraram que o magnésio nas formas de aspartato, citrato, lactato e cloreto é melhor absorvido e é mais biodisponível do que o óxido de magnésio e o sulfato de magnésio.

Assim, caso esteja a considerar fazer suplementação com magnésio, procure um profissional de saúde qualificado, que possa orientar na dose e na formulação de magnésio mais adequada para si.

Contacte-nos para saber como a Drª Andreia Morim pode dar o apoio que precisa ou para marcar a sua consulta por email info@nordicclinic.pt ou ligue-nos 222 081 982.

Referências:
Boyle NB, Lawton C, Dye L. The Effects of Magnesium Supplementation on Subjective Anxiety and Stress-A Systematic Review. Nutrients. 2017 Apr 26;9(5):429. doi: 10.3390/nu9050429. PMID: 28445426; PMCID: PMC5452159.
Volpe SL. Magnesium in disease prevention and overall health. Adv Nutr. 2013 May 1;4(3):378S-83S. doi: 10.3945/an.112.003483. PMID: 23674807; PMCID: PMC3650510.
Houston M. The role of magnesium in hypertension and cardiovascular disease. J Clin Hypertens (Greenwich). 2011 Nov;13(11):843-7. doi: 10.1111/j.1751-7176.2011.00538.x. Epub 2011 Sep 26. PMID: 22051430.
Antunes, B., Mação, N., Moreira, J., Ramos, A. (2018). Nutrição Funcional na Saúde da Mulher. Atheneu. Rio de Janeiro.
https://ods.od.nih.gov/factsheets/Magnesium-HealthProfessional/
Harris HR, Chavarro JE, Malspeis S, Willett WC, Missmer SA. Dairy-food, calcium, magnesium, and vitamin D intake and endometriosis: a prospective cohort study. Am J Epidemiol. 2013 Mar 1;177(5):420-30. doi: 10.1093/aje/kws247. Epub 2013 Feb 3. PMID: 23380045; PMCID: PMC3626048.

Síndrome dos Ovários Poliquísticos: depois do diagnóstico

Depois do diagnóstico de Síndrome dos Ovários Poliquísticos (SOP) é normal que surjam várias questões sobre o que fazer a seguir e sobre o seu tratamento.


Do que se sabe até ao momento, a SOP é uma condição clínica que afeta entre 12 a 18% das mulheres em idade fértil e que não tem cura. Contudo, é possível melhorar esta condição se mudarmos alguns aspetos sobre os quais iremos falar hoje.


De uma forma geral, a modificação do comportamento e estilo de vida é a abordagem terapêutica de primeira linha da SOP. Em particular, foi demonstrado que a redução do peso pode ajudar a diminuir os níveis de testosterona, a melhorar a resistência à insulina e a melhorar o perfil lipídico das mulheres com SOP, além de reverter a anovulação (ausência de ovulação).


A gestão do peso incorpora três aspetos:
– Perda de peso
– Prevenção do aumento de peso
– Manutenção do peso perdido

– DIETA
É um dos pilares do estilo de vida. A alteração da alimentação das mulheres com SOP pretende ajudar a atingir um peso saudável e adequado, sendo que os principais objetivos dessa mudança são:
– Diminuir a ingestão calórica
– Reduzir o volume de alimentos ingeridos
– Optimizar a distribuição de macronutrientes da dieta

– EXERCÍCIO FÍSICO
Tal como a dieta, também o exercício físico torna-se uma componente fundamental para a gestão do peso. Neste ponto, os objetivos são:
– Aumentar o dispêndio energético
– Aumentar a atividade física diária (ex: escolher as escadas em vez do elevador)
– Reduzir o sedentarismo


– COMPORTAMENTO
Já sabemos que mudar a alimentação e/ou aumentar a prática de exercício físico são pontos fundamentais para minimizar o impacto que a SOP tem na saúde. No entanto, mudar é um processo que requer muitas vezes um grande esforço e, mais ainda, quando essa mudança deve manter-se ao longo de toda a vida.
Nesse sentido, é também importante que haja um acompanhamento a nível comportamental que ajude ao longo deste processo de mudança.
– Estabelecer objetivos realistas
– Definir ferramentas de monitorização do processo de mudança
– Resolver problemas e os estímulos que possam causar esses problemas
– Ter apoio das pessoas mais próximas


Entre outras, são medidas que vão ajudar a que o processo de mudança e a manutenção dessa mudança aconteça de uma forma mais leve e menos stressante.


Se foi diagnosticada recentemente com SOP saiba que não está sozinha. Procure profissionais que a consigam auxiliar e construa a sua equipa multidisciplinar para que juntos possam atingir o seu melhor estado de saúde.


FONTES:
– Diamanti-Kandarakis E, Christakou C, Marinakis E. Phenotypes and enviromental factors: their influence in PCOS. Curr Pharm Des. 2012;18(3):270-282. doi:10.2174/138161212799040457
– Brennan L, Teede H, Skouteris H, Linardon J, Hill B, Moran L. Lifestyle and Behavioral Management of Polycystic Ovary Syndrome. J Womens Health (Larchmt). 2017;26(8):836-848. doi:10.1089/jwh.2016.5792

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